Quem pensa em Ead e acaba por associá-lo somente aos aspectos comuns do ensino, não vê por completo a extensão do mercado e-learning. Hoje a educação virtual é transversalizada, midiática, informativa, instrucional e publicitária. Atende a diversos contextos e é sempre planejada quanto sua forma e alcance. Contempla áreas que vão desde a informação e o treinamento à meios de comunicação e vendas.
1) Na comunicação e publicidade: As agências de publicidade têm recorrido cada vez mais às técnicas do desenho instrucional e abordagens pedagógicas na construção de dimensões informativas da publicidade, influenciando consumidores através do conhecimento e da aprendizagem, introduzindo componentes comuns à didática do Ead como: prêmio, motivação e necessidade da ação.
A Peugeot, por exemplo, tem promovido ações de marketing por meio de vídeos muitos comuns ao nosso dia a dia, estimulando revendedores e concessionárias a apresentarem de forma muito simples, porém organizadas didaticamente, as funcionalidades dos novos veículos. Dessa forma apresenta o carro item a item, educando o consumidor ao seu uso, ao passo que apresenta os recursos do veículo. Um outro exemplo conhecido, onde a instrução encontra a comunicação é o famoso canal de televisão Polishop, que influenciou o mercado publicitário inteiro com suas formas inovadoras de apresentação e venda de produtos. Utiliza técnicas da neurociência e gatilhos emocionais para elaborar suas ações. Desenho Instrucional puro!
2) No ambiente corporativo: Girando um pouco mais o grau, vemos que o Ead vai além das ações publicitárias, e também tem crescido fortemente na comunicação empresa-colaborador, tornando efetivo o entendimento das instruções corporativas, minimizando os complexos problemas comunicacionais que atingem a produtividade de empresas há anos, tudo isso, utilizando as abordagens da linguagem dialógica, a mesma utilizada na criação de conteúdos e-learning.
Além disso, as metodologias de educação virtual tem sido responsáveis pela elaboração de sistemas de trabalho, provando cada vez mais que é possível aferir normas e procedimentos através de avaliação diagnóstica de pessoal, tudo aplicado virtualmente. Entendendo as funcionalidades do trabalho, definindo procedimentos e aplicando soluções por meio da virtualidade, seja utilizando recursos simples ou sofisticados como os incríveis simuladores 3D de realidade virtual.
3) Na programação e Games: E já que chegamos ao ponto da realidade virtual, como não falar da atuação das teorias instrucionais nesse setor? Emulação 3D, realidade virtual, games e toda aquela virtualidade incrivelmente programada, mas que de nada serviria se não atendesse aos propósitos de uma instrução. E mais uma vez o desenho instrucional e as abordagens pedagógicas de ensino se fazem presentes na definição das funcionalidades e objetivos de formação dessas programações.
Até mesmo quando o viés é inverso, e o objetivo da gamificação é entreter, a educação também pode surgir triunfadora aliada à tecnologia. Como é o caso do conhecido jogo Super Mario World, que organizado pedagogicamente, em suas primeiras fases apresenta interações de aprendizagem simples que orientam o jogador quanto à prática dos movimentos básicos, nas fases secundárias colocam à prova as habilidades de movimentação adquiridas e nas fases finais, desafiam o jogador a escolher de forma aleatória, dentre diversos mapas, o real desafio a ser enfrentado, isso tudo após ter suas habilidades desenvolvidas inicialmente, além de stimular a curiosidade e a autonomia do jogador.
Nada mais nada menos do que Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia.
4) Na navegação simples: O Ead vai girando pelos mercados mundiais, de forma cada vez mais ampla, além dos diversos cursos e tutoriais virtuais, a cada vez que acessamos algum de nossos vários dispositivos “internéticos”, sem nem perceber, somos atingidos por um “bum” instrucional, seja na rede social, website de notícias, bankingnet, e-commerce, clouds, tubes… toda essa virtualidade promove instrução digital e é desenvolvida de forma educacional... instrucional. São tutoriais, manuais de usabilidade, suporte, FAQs ou até mesmo os tão famosos ícones de ajuda com aquela "interrogação" inserida de forma planejada nos cantos dos websites.
Que a educação virtual e suas metodologias instrucionais já alcançaram todos os cantos por onde a internet passa, isso já é um fato. E na maioria das vezes nem conseguimos perceber o uso dessas metodologias enquanto navegamos, somos instruídos didaticamente e assim nos tornarmos cada vez mais autônomos na utilização de recursos, preparados para o que está por vir, prontos para decidir pela “próxima fase” e aceitando que, verdadeiramente o Ead já é 360 graus.