Com certeza, você já utilizou a palavra projeto, para se referir a questões de cunho
pessoal (projeto de vida), profissional (projeto de carreira), financeiro, educacional,
saúde, etc. Porém, apesar de usarmos o termo projeto e colocá-lo em prática nessas
esferas, estamos navegando no senso comum. Por que? Sabemos de nossa
intenção, objetivos, necessidades, recursos necessários e até prazo para sua
realização, mas de maneira informal.
Ao seu término e durante o processo, podemos
e devemos avaliar sua eficácia e caso seja necessário, readequar o caminho que
traçamos. Podemos deixá-lo de lado, na sua finalização, ela sendo bem sucedida ou
não, ou até mesmo durante seu processo, podemos abandoná-lo.
Mas e nos projetos profissionais? É possível agir dessa maneira?
Claro que não, pois a realização do projeto, desde sua criação, exige uma
formalização, através da sua elaboração.
Estamos falando do seu escopo:
1. Qual é a situação ou problema que gerou o projeto?
2. Qual é a finalidade do projeto?
3. O que se pretende realizar?
4. Que resultados são esperados?
5. Quem serão os beneficiados?
6. Qual é a dimensão do projeto?
7. Como será realizado o diagnóstico, para o levantamento das reais necessidades do
projeto?
Agora chega a hora do plano de ação: Que atividades e tarefas serão realizadas?
Como e quando serão realizadas? Que recursos serão necessários? Quanto tempo
demandará cada atividade? Quem se responsabilizará pelas tarefas? Qual o custo do
projeto?
Mas algumas perguntas ainda são necessárias: como avaliar e controlar o
processo de execução desse projeto? Que medidas serão realizadas para avaliar se
os resultados são compatíveis com os objetivos e sua intenção? Como serão obtidos
os dados sobre processos, produtos e resultados? Que medidas preventivas serão
adotadas no seu desenrolar ?
Resumindo o escopo do projeto, devemos responder a estas perguntas: qual a sua
situação geradora, sua justificativa, seu objetivo geral e específicos, os resultados
esperados e sua abrangência, em consonância com suas fases:
inicialização, planejamento, execução, controle e encerramento.
Quanto aos tipos de projetos, em relação aos educacionais, encontramos cinco tipos:
1. Projetos de intervenção: visam promover intervenção ou modificação em todo
contexto, objeto do projeto, ou em uma de suas partes. Buscam resolver problemas ou
melhorar desempenho.
2. Projetos de Pesquisa: objetivam produzir novos conhecimentos, relacionados a
respostas para determinado problema. Nesse contexto, a pesquisa é classificada em
descritiva, experimental ou explicativa. Ocorrem no contexto acadêmico.
3. Projetos de desenvolvimento ou produto: pode ser desenvolvido no sistema
educacional, cultural, comercial.... Exemplos: desenvolvimento de um novo curso, um
material didático, um software educativo.
4. Projetos de ensino: estão relacionados a função docente, direcionados a relação
ensino aprendizagem e disciplinas que fazem parte desse contexto, objetivando a
promoção do que for avaliado como necessário.
5. Projetos de trabalho ou aprendizagem: orientados por professores, em uma
disciplina ou de forma interdisciplinar, são desenvolvidos pelos alunos, visando a
construção de competências específicas e aquisição de conhecimentos.
Até aqui, como podemos observar, ao trabalharmos com projetos, não há espaço para
o improviso. É preciso manter o foco no que está se propondo realizar.
Então, quais são os fatores de risco de um projeto?
1. O problema levantado e necessidades estão claros? Que mecanismos
foram utilizados para identificá-los? Há consenso sobre o problema a ser
resolvido ou existe alguma resistência?
2. Os objetivos são passíveis de serem atingidos?
3. Os recursos materiais, humanos e financeiros são suficientes? Em caso
negativo, o que é necessário para consegui-los?
4. As atividades estão definidas com clareza, em relação ao seu tempo,
suas necessidades e responsáveis, para que os resultados esperados
se concretizem?
5. Quais são as estratégias de acompanhamento e avaliação do projeto?
6. O projeto foi compartilhado com todos interessados? Todos estão
dispostos a cooperar?
7. Como você está trabalhando com os possíveis erros da equipe?
8. Como é realizada a comunicação com a equipe?
9. Com que periodicidade são realizadas reuniões para discutir o
andamento do projeto? Quem é convidado? Como é realizado o registro
dessas reuniões?
10. Você, responsável pelo projeto, se coloca numa posição de
superioridade perante os demais? Lembrando que todos os envolvidos
são responsáveis pelo projeto.
11. O cronograma é compatível com o número de tarefas?
12. Ficou claro para o solicitante do projeto, que a qualquer momento ele
poderá sofrer alterações, caso seu processo esteja com problemas?
13. Os riscos do projeto ficaram claros para você e toda a equipe?
14. O solicitante do projeto está disposto a acompanha-lo ou delegou?
15. Você mostrou para o solicitante do projeto quais podem ser os pontos
críticos e pediu para ele a opinião sobre quais seriam esses pontos?
Lembre-se: o feedback do cliente é muito importante.
16. A equipe está e foi capacitada para o projeto?
Vejam que são muitos aspectos que demandam atenção e caso não haja um olhar
atento, observador e crítico, estaremos correndo um grande risco de insucesso em
nosso projeto. Portanto, o seu acompanhamento, desde sua criação, através do
gerenciamento de riscos, é imprescindível. Caso contrário, ao invés de benefícios,
teremos lamentos.
Profa. Ms. Márcia Moreira de Carvalho
Atuando como Consultora Educacional e Professora convidada em cursos de pós-graduação
Pedagoga e Mestre em Educação, pela Faculdade de Educação da USP
Mírian Ferminiano Rodrigues
Atuando como professora do ensino superior no curso de Pedagogia. Doutoranda em Ensino
de Ciências e Matemática na Universidade Cruzeiro do Sul e concluindo pós-graduação em DI
no Senac/SP
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