Você pode se perguntar: como estabelecer presença na educação a distância online?
Primeiro é preciso pensar que, o contrário de distância é proximidade e de presença é a ausência. Aprendizados com a filosofa Lílian do Valle. Compreendendo isto, percebemos que a presença não é uma condição da distância.
A distância é o estado de separação geográfica, espacial e temporal entre os professores e estudantes. As tecnologias são meios de informação e de comunicação para a conexão entre eles. Enquanto a presença, em especial na educação online, é constituída a partir de relações sociais, pedagógicas e cognitivas estabelecidas em rede pelos envolvidos nos processo educativo. O sentir e se fazer presente acontece a partir de empatia, de comunicação, de atividades, de partilhas e de interações, ou seja, por envio de mensagens, comentários, postagens, participações e contribuições significativas.
O que se encaixa em formato de cursos que pensar em cursos em que se exige alto grau de interação. O que neste caso, excluem-se as experiências de broadcast, em que as expectativas de interação são baixas ou inexistentes.
Para compreender como podemos estabelecer presença na educação online, destacamos as ideias de três autores: Garrisson e Anderson (2000) e Valente (2003).
Garrison E Anderson (2000) são professores canadenses que definem as comunidades de aprendizagem online como espaços em que a intenção é a de produzir conhecimento, compartilhar e de integrar indivíduos. Nestas comunidades as presenças se constituem como: presença docente, presença social e presença cognitiva. Em que cada uma delas deve estar integrada, conforme imagem a seguir:
Fonte: GARRISON; ANDERSON; ARCHER (2000, p.90).
Enquanto Valente (2003) entende que as interações e ações por meio da internet com alto grau de interação constitui o que podemos chamar de “estar junto virtual”. Significa que, a interação entre o professores e alunos estarão a utilizar da educação online para realizar o ciclo de ação: descrição-execução-reflexão-depuração-nova descrição. Ou seja, o professor estará acompanhando de perto o aluno, verificando o seu desenvolvimento.
Tanto em uma abordagem como outra, tem o cunho construcionista, em que fica claro que: a colaboração, o compartilhamento e o ambiente social são premissas para a construção de um conhecimento em comunidade. Por isso, preveem um estímulo do raciocínio crítico, por meio de questionamentos, da conexão, de desafios, da interação, de investigação, de criatividade e da resolução de problemas.
Dicas: quais estratégias podem ser utilizadas pelo professor?
Dentre os profissionais atuantes no ensino online, o professor - tutor ocupa a linha de frente para esta tarefa. Ele é o responsável por criar e manter a comunidade de aprendizagem ativa. Ter acesso constante, incentivar, mediar, problematizar, interagir, informar são algumas das ações deste profissional.
Dentre o planejamento de atividades, recomendamos ao professor-tutor:
- Estabelecer uma rotina de trabalho, em que tenha pelo um tempo do seu dia para mediar as mensagens do fórum, enviar comunicados, responder as mensagens enviadas de modo privado,
- Ter um acesso regular a plataforma,
- Organizar uma planilha de postagem semanal de notícias, observando o calendário indicando semanalmente, os planos de estudos,
Dentre as atividades a fazer com os estudantes:
- Esteja atento às dúvidas, não fique muito tempo sem acessar a plataforma de aprendizagem,
- Comunique de forma aberta,
- Encoraje o aluno a experimentar, refletir, construir o seu próprio pensamento,
- Crie atividades formativas para ajudar os alunos a compreender o conteúdo, com questões relacionadas às matérias e ao cotidiano/ou alguma rotina de trabalho,
- Esteja atento ao noticiário e/ou as redes sociais para acompanhar notícias que podem ajudar no tema estudado (podem ser utilizadas para discutir determinado tema),
- Utilize emojis, despeça-se com um abraço, utilize uma linguagem formal com uma pitada de descontração (de modo a estabelecer conexões afetivas e de proximidade)
- Realize mediações problematizadoras. Não responda simplesmente a questão, convoque os outros estudantes a responder,
- Traga recomendações de leitura (sites, artigos, livros, relatórios), de vídeos e/ou filmes, sites, jogos, que podem ajudar a entender o tema,
- Oportunize atividades colaborativas,
- Crie situações de problemas reais,
- Estimule os estudantes partilharem suas vivências,
- Experimente ferramentas, explore os recursos da web 2.0,
Dica extra: Dê feedbacks das atividades e avaliações com argumentos apontando o que ficou bom e o que pode ser melhorado.
Este texto é para nos fazer pensar que as tecnologias são meios. A essência em qualquer processo educativo, seja ele virtual ou presencial, são as pessoas e os conhecimentos adquiridos por meio das relações estabelecidas em rede. A presença se constitui portanto, da sensação de proximidade, da constância no ambiente de aprendizagem e do acompanhamento dos alunos.
De que modo está presente nas suas turmas online? Concorda com estas estratégias? Tem mais alguma dica? Conte-nos sua experiência. Multiplique com colegas de equipe e com os amigos interessados em educação online.
Fernanda Campos
Licenciada em História. Mestre e Doutora em Educação. Especialista em Educação a distância.
Referências
VALENTE, José Armando. Educação a distância no ensino superior: soluções e flexibilizações. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 7, n. 12, p. 139-142, Feb. 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832003000100010&lng=en&nrm=iso>. access on 05 Feb. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832003000100010
GARRISON, R., ANDERSON, T., ARCHER, W. Critical Thinking, Cognitive Presence, and Computer Conferencing in Distance Education. American Journal of Distance Education, v. 15, n.1, p.7-23, 2001. Disponível em: <http://cde.athabascau.ca/coi_site/documents/Garrison_Anderson_Archer_CogPres_Final.pdf>. Acesso em: 28 set. 2015.
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