Há pouco tempo passei próximo a um Centro Universitário tradicional e muito bem conceituado aqui de Brasília, e não pude deixar de observar uma placa publicitária que dizia “Ensino a distância com a mesma qualidade do presencial”. Essa placa com certeza colocou uma pulga atrás da minha orelha.
Eu, que sou formada na área de produção para ead há mais de 15 anos, e vi de perto a ascensão dessa modalidade de ensino, e com certeza o enfrentamento do preconceito e aceitação há alguns anos, estranhei, que nos dias atuais ainda existam instituições que precisem afirmar a qualidade do ensino a distância. Ora, do jeito que o ead cresce mais a cada dia, se torna cada vez mais tecnológico e oferta mais e mais recursos e ferramentas de ensino, como pode ainda hoje haver preconceito nessa modalidade de ensino?
Contra fatos não há argumentos, só na educação superior, o ensino a distância (ead) no Brasil, já representa 26% da educação superior na país. E de acordo com as pesquisas realizadas pela Sagah, empresa desenvolvedora de conteúdo e tecnologia para ead, até 2023, o ensino superior a distância já corresponderá a 51% do mercado.
Cerca de 15 milhões de pessoas, que estão fora da universidade no país, 67% preferem, ou só podem, consumir ensino na modalidade virtual. Um dos motivos foi a redução de vagas ofertadas pelo programa de Financiamento Estudantil do Governo Federal (FIES), e logicamente as facilidades encontradas por quem estuda a distância. Além da democratização do ensino, as vantagens de poder estudar de forma autônoma, decidir o melhor horário e a quantidade de tempo dedicada ao estudo por dia. E não deveria ser assim mesmo?
A meu ver, voltando a história da placa do Centro Universitário, muitas instituições de ensino parecem ainda não querem adotar essa realidade, do crescimento do ead. Mesmo que possuam núcleos de ensino a distância montados em suas instituições, ainda não desenvolvem as novas metodologias de ensino, como a sala de aula invertida, ou o blended learning, que mistura o ensino presencial com o a distância.
Mas isso se dá provavelmente pela falta de preparo de professores para o mercado ead, além do pouco investimento tecnológico realizados pelas Instituições de Ensino Presencial. Parece que ainda existe alguma desconfiança de que as tecnologias possam substituir o trabalho do professor, no entanto, o que muda é a forma de trabalho desse profissional, que deverá passar a adequar sua forma de lecionar presencialmente ao uso dos recursos tecnológicos, e diversas já são as teorias que orientam para isso.
A comparação é muito simples, com certeza se você nasceu na década de 80, passou pela mudança digital que mudou o mundo para sempre, o surgimento da internet. E, com ela, o surgimento de computadores pessoais, equipamentos tecnológicos, etc. Lembra, quantas pessoas não aceitaram o uso dos equipamentos, e continuavam a dizer que “computador não sabe nada”? Bem, eu estive com pessoas assim no meu ambiente de trabalho, e hoje penso, como essas pessoas foram vencidas pela ascensão tecnológica. E com as Instituições de ensino presencial, sinto será da mesma forma, ficarão para trás aquelas que não aceitarem ou se adequarem a toda essa mudança virtualizada.
Portanto, digo a você profissionais da educação presencial, estudem sobre a metodologia ead, conheça um pouco mais sobre os diversos recursos e novas categorias de trabalho que vem surgindo com o crescimento dessa modalidade. Se adaptem, se adequem, utilizem essa ferramenta para seu benefício, sejam professores do futuro. Pois uma coisa é fato, o ead chegou para ficar, e o avanço tecnológico é algo impossível de frear.
E para finalizar, eu arrisco em dizer que no futuro, as Instituições de ensino vão colocar em suas placas: “Conheça nosso ensino presencial, é tão bom quanto o ead!”