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Empresas que empregam e empresas que empreguiçam. Em qual delas você quer estar?


Já faz um tempo que venho observando a postura de algumas empresas e profissionais diante do contexto de transformação digital em que vivemos. O que tenho visto sempre me causa certo desconforto. O discurso “somos inovadores”, “inovação é um de nossos valores”, “estou em constante aprendizado”, é sempre muito distante da prática - quando ela existe! Embora muitas empresas e profissionais reconheçam que a inovação tecnológica já impactou total ou parcialmente seu trabalho nos últimos anos, a tão requisitada mudança de mindset necessária para encarar a denominada quarta revolução industrial ainda não aconteceu efetivamente.

Pesquisa realizada recentemente pela Tera, uma das principais escolas brasileiras com foco em desenvolvimento de competências para a era digital, em parceria com a Scoop&CO, empresa que estuda novos comportamentos e movimentações de mercado, aponta que 37% das empresas estão inseguras e têm dificuldade de administrar o processo de transição para o mundo que já chegou. Mais da metade, 54%, entende que desenvolver uma área digital é necessário para sua sobrevivência, porém, 71% delas não tem orçamento pré-aprovado para os próximos dois anos e 73% ainda não têm um projeto ou programa para atrair talentos digitais.

Outro dado interessante desse estudo é que 9% dos profissionais com contrato CLT também fazem trabalho por fora, como freelancer. Eu me incluo nesse resultado. Mesmo tendo um contrato formal de trabalho com carteira assinada, em regime home-office (o que ainda não é muito comum no Brasil), também atuo como Microempreendedora Individual. Esse resultado confirma a necessidade urgente que empresas têm de encontrar novas formas de atrair a atenção e a energia integral de seus colaboradores ou desenvolver modelos de contratação onde é possível encaixar trabalho parcial/temporário e contratação de prestadores de serviços externos. Isso também é mudança de mindset.

De forma geral, esse Relatório Pesquisa Retrabalho 2018, da Tera, reflete o desafio que nós, profissionais, temos que enfrentar. Embora boa parte das empresas permaneçam apáticas e receosas em relações às mudanças que precisam ser feitas, precisamos desenvolver competências técnicas e habilidades que já estão sendo demandadas justamente por essas empresas. Criatividade, inovação, pensamento crítico, colaboração, inteligência emocional... Só para citar algumas. E aí começam algumas contradições dessa apatia e receio: criatividade não surge divinamente de segunda a sexta-feira das 8h às 18h. Ela pode vir justamente enquanto você “precisa” fazer seu horário de almoço, mas você não pode voltar para sua estação de trabalho porque precisa cumprir uma hora, no mínimo, de intervalo. Ou pode vir de madrugada, mas você não deve enviar e-mail nem mensagem de WhatsApp depois do horário de trabalho, porque configura hora extra. E como inovar usando planilhas de uma versão 2010, quando se tem uma série de ferramentas que agilizam a atividade, melhoram a performance, evitam o retrabalho... Mas não tem orçamento para comprar? E como exercer o pensamento crítico num ambiente onde todos são orientados a respeitar a hierarquia (afinal, a última palavra é sempre a do chefe)?!

O fato é que nós, profissionais, precisamos nos capacitar para dois tipos de empresas: as que empregam e as que empreguiçam. E cada um escolhe onde prefere atuar.

Sandra Medeiros – Jornalista, especialista em Educação a Distância e em Gestão Estratégica de Recursos Humanos. Responsável pelo blog e fan page Ead em Pauta. Atualmente trabalha com Educação Corporativa numa empresa do segmento varejista na Grande Vitória (ES).

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