O tema Educação é amplo e tem muita gente falando a respeito; aliás, sempre teve. Desde antes de Cristo, na Grécia Antiga, há registros sobre o tema. A princípio e como princípio, recuperando o pensamento grego, a Educação está colada à vida, à sociedade, às experiências vividas. Está lá como mediadora ao desenvolvimento social, à passagem dos valores adiante e, de preferência, à reflexão sobre eles. Educação é cultura, compõe um espaço macro.
Há pouco mais de 3 anos, me tornei mãe. E aí entrei na experiência mais louca e responsável da minha vida: uma experiência eterna, digamos assim, da qual não posso simplesmente desligar o botão e sair. Ao me propor a escrever esse texto e no processo de organização das ideias que o fariam tomar vida, me veio o seguinte: maternar também é educar.
Educar no sentido grego mesmo, de um grande ato constante, quase como orquestrar um sujeito que se transforma, dia após dia, no seu próprio ritmo. Ser mãe é mediar esse processo de crescimento, de desenvolvimento; dar o apoio necessário para estimular a autonomia, a disciplina, a segurança e tudo mais que facilite o encontro com as diversas maneiras de viver uma vida feliz.
Educação formal
A visão macro de educar é essa: e está todo mundo nela. De mãos dadas, ou como extensão a essa Educação maior, entra e educação formal, proposta pelas instituições de ensino. Numa reunião da creche, daquelas iniciais em que conhecemos os novos professores e eles querem ter uma visão geral dos nossos filhos, para saber quem são, a professora me perguntou se meu filho ficava com mais alguém, além dos pais e da creche. Foi então que me dei conta de que, de fato, a escola – e qualquer outra instituição do gênero – educa meu filho tanto quanto eu e meu marido.
Porque, afinal, nos ambientes de aprendizagem não se ensina apenas conteúdo – e a proposta é que se ensine muito além disso -, muito menos quando as crianças são pequenas: se ensina valores, ética, empatia, assim como nos outros espaços da vida.
Não é por nada que, atualmente, as instituições de ensino estão promovendo uma aprendizagem voltada ao desenvolvimento de habilidades e competências, ao know-how, ao saber fazer. Porque, de fato, mesmo parecendo clichê, a vida é uma grande escola, feita de diversas etapas, que demandam continuamente o desenvolvimento de novas habilidades. Acompanhar o desenvolvimento de uma criança, diariamente, evidencia muito bem isso.
Aprender é inovar: é descobrir as repostas para os problemas que vão surgindo, é resolver casos... é estar em Roma, sem conseguir se comunicar com ninguém direito em italiano, mas ter a possibilidade de ligar o celular, acessar o mapa da cidade e descobrir rotas incríveis ou pescar palavras-chave em um aplicativo de ensino de línguas para se virar.
Espaço da virtualidade
Atualmente, com o advento da Internet, novos espaços virtuais de aprendizagem surgiram. É como se tivéssemos vidas paralelas: algo como o mundo invertido de Stranger Things (para quem não conhece, uma série do Netflix). Vivemos a realidade que nos é possível viver, mas, virtualmente, estamos em qualquer lugar no momento em que quisermos, batendo papo com um cara chinês. Para isso, basta estar conectado(a).
E aprendemos muito! Nunca nossa vida se expandiu tanto!
A modalidade da Educação a Distância (EaD) é reflexo desse novo tempo, chamado de Pós-Modernidade, ou denominação mais recente. Na EaD, é possível usufruir de vários ambientes de aprendizagem (incluindo redes sociais) e fazer uso de diversos recursos e ferramentas tecnológicas para compartilhar informações e passar adiante os princípios de uma Educação maior. Isso tudo por meio de uma educação menor/micro, digamos assim, formal e institucionalizada, que oficializa o conhecimento.
Mas como lidar com todo esse acesso? Com tantas possibilidades? Como saber que tipo de informação estamos passando adiante e que conhecimento estamos produzindo?
E não estou falando apenas em replicar o que já existe, o tal do “copia-cola”, mas de propiciar o desenvolvimento de pensamento crítico. Por isso que aqui não vai ter guia de como pensar criticamente, nem um catálogo dos 7 melhores outfits que promovem o pensamento.
Em tantos espaços de troca de informação e compartilhamento de conhecimento, como favorecer o desenvolvimento do pensamento crítico? Uma sugestão de resposta: mantendo e construindo referências. Afinal, são elas que possibilitam a comunicação, o lugar comum.
Você já pensou em exemplos de referências? Pois elas estão em todos os lugares, desde a língua que falamos, assim como somos nomeados. Nossos nomes nos referenciam enquanto sujeitos singulares, marcam nossas identidades.
Educação a Distância
Uma das características da EaD é a construção de metodologias e estratégias de ensino que aproximem os sujeitos, que “falem a mesma língua”, principalmente em função da distância física. Então, na função de Designer Instrucional (DI), quando estou desenhando um curso 100% online, tenho que estar atenta para localizar o estudante, constantemente.
Veja algumas maneiras de pontuar as referências na produção de materiais em EaD:
Se for numa sala de aula virtual, é válido sinalizar que ele está no tema 1. Isso pode ser feito por texto, marcador, ícone, cor etc.
Também é interessante deixar claro o caminho percorrido, principalmente para ele saber tudo o que conquistou e que há um fim para o seu esforço (e uma feliz recompensa!), além de controlar sua ansiedade. Em termos técnicos, essa trilha de aprendizagem pode ser apresentada por uma barra de progresso. Se já realizou 23% das tarefas, por meio de uma barra de progresso, por exemplo.
Ao iniciar um podcast, a instrução é começar com data, local e nome de quem fala.
Sempre referencio as fontes das imagens usadas, assim como dos conteúdos acessados, na construção de livros didáticos. Assim, mantemos os sujeitos ancorados e valorizamos aqueles que compartilharam as informações e, consequentemente, nos ajudaram, com mais uma pecinha, a desenvolver um pensamento mais crítico.
A educação formal a que temos acesso hoje atravessa fronteiras físicas e barreiras temporais: neste sentido, ela é muito potente!
Então, como usá-la para promover essas referências e compartilhamento de valores, tornando-a mais macro?
Indico algumas práticas:
Compartilhe e dialogue, lembrando que para isso, é importante exercer um equilíbrio entre fala/escrita e escuta/leitura.
Manifeste suas opiniões, respeitando e construindo um espaço comum de qualidade e bem-estar, mas também saiba se resguardar.
Creio que um dos nossos grandes desafios enquanto educadores, ou apaixonados pelo educar, é lidar com a relação entre virtual e real. Consolidar pontos de referências pode ser uma maneira de ancorar tantas possibilidades de experiências e oferecer aos nossos percursos uma boa medida de segurança.
Atua como Designer Instrucional (DI). Formada em Psicologia e Psicanálise. Mestrado e Doutorado em Teoria Literária. Tradutora de Inglês. Já foi professora de Inglês, de assuntos da área da Psicologia e da Metodologia da Pesquisa, tanto presencialmente, quando na EaD. Já fez oficina de formação de professores, de colaboradores e elaborou materiais didáticos na EaD.
Marina Cabeda Egger Moellwald
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