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Competências socioemocionais e a BNCC


Nesse ano de 2019, uma mudança importante impactou todas as instituições de ensino do Brasil, pois elas tiveram que se adequar às novas regras da BNCC. Esse documento veio para dar orientações na construção do currículo e das metodologias abordadas. A intenção é alcançar melhoria na qualidade na educação. Mas, será que todas as escolas estão preparadas para essas mudanças?

Dentre tantas, um deslocamento significativo está no fato de que as escolas precisarão trabalhar as competências fundamentais para se conviver nos dias de hoje. Esse assunto causou impacto para a proposta pedagógica: o desenvolvimento integral dos alunos, sendo entendido como: desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural. (MOLL, 2012)

Alunos do Século XXI!

Alunos que vivem num mundo tão complexo, com uma gama tão grande de informações, com o aparato tecnológico de última geração subsidiando a aprendizagem e o conhecimento. Essas habilidades não estão no âmbito cognitivo e sim comportamentais. São características ligadas às emoções visto que essas podem impactar de maneira positiva no aprendizado do aluno. São competências que o indivíduo desenvolve para se tornar uma pessoa mais completa e flexível. Uma pessoa que controla suas emoções, tem consciência delas, demonstra afeto e toma decisões de maneira responsável.

A educação focada nas habilidades emocionais é fundamental para alcançar a autonomia dos estudantes e potencializar o que há de melhor nele. Assim, é possível reduzir a indisciplina e aumentar o interesse dos alunos trazendo benefícios no seu desempenho escolar.

O desenvolvimento das competências devem ser o foco da proposta curricular tendo o professor o papel de monitorar e apoiar os alunos. O grande desafio do momento é ajudá-los a exercitarem, é criar situações para valorizá-las, criar estratégias educativas e incentivá-los cada vez mais.

Hoje em dia, num ambiente de trabalho, valoriza-se o profissional que é capaz de argumentar, defender seu ponto de vista e trabalhar em equipe. Que saiba se comportar diante de qualquer situação que envolve equilíbrio e saúde emocional.

Que exercite o diálogo, a empatia, a cooperação e a resolução de conflitos. Que tenha a capacidade de lidar com situações de pressão e coloque em prática seus conhecimentos e valores para solucionar problemas. Esse profissional deve saber enfrentar questões adversas de maneira criativa e construtiva.

Porém, essa construção precisa iniciar ainda nos primeiros anos da criança. Desde a educação infantil as habilidades socioemocionais já devem ser, e alguns casos já são, trabalhadas no cotidiano escolar.

Por vezes, elas não estão explícitas nos currículos prescritos, por estes, até então, terem tido foco nos conteúdos e nas disciplinas. Mas a afetividade, as regras, os combinados sempre estiveram presentes no processo de escolarização, porém com foco no desenvolvimento psíquico da criança e, por isso, centrada no campo da psicologia da educação com ênfase nas teorias Piagetianas e das fases do desenvolvimento da criança.

Mas como trabalhar a inteligência emocional dos alunos em sala de aula?

Começar por uma roda de conversa é um bom ponto de partida. Nesse momento, todos se colocam à disposição para ouvir, falar sobre o que sabem do assunto enquanto que o professor esclarece a importância disso para a vida pessoal e relacional.

Outra boa estratégia para iniciar o trabalho sobre as habilidades socioemocionais é através de vídeos. Essas atividades proporcionam a reflexão, troca de opiniões e respeito ao outro.

Estabelecer os combinados ou as regras nas quais as atividades daquele grupo estarão pautadas, possibilita o desenvolvimento da habilidade de limites, de respeito ao próximo, de viver em grupo, dentre outras.

Atividades em grupos que desenvolvam a empatia, a colaboração e a resolução de um problema também é outra forma de vivenciar situações e depois socializar o que sentiram durante a atividade.

Para os educadores não tem sido fácil trabalhar as competências socioemocionais com os alunos, porque na verdade isso ainda não foi trabalhado neles mesmos.

Muitos não passaram por esse processo de autoconhecimento, então deverão começar nas próprias vidas. Na sua formação enquanto professores, também não foram ensinados a olhar para essas questões nos seus alunos, nem como avaliar/ mensurar tal desenvolvimento.

Muitos professores ainda tem a visão de que ser bom é produzir resultados quantitativos e, por vezes eles são cobrados por isso, pelos resultados objetivos. Por isso, será um grande desafio para a educação e até mesmo uma mudança de paradigma, que tira a formação integral do campo objetivo e aponta para o desenvolvimento de aspectos mais subjetivos. Tal mudança demanda o deslocamento do olhar, do foco de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo. Mas as expectativas são as melhores, teremos uma formação mais pautada na sociedade e nas demandas atuais.

Referência:

MOLL, Jaqueline (Org.). Caminhos da Educação Integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012. 504 p.

Anelize Albuquerque

Pedagoga, pós graduada em Psicopedagogia.

Especialização em Educação Infantil e Alfabetização.

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