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Uma reflexão sobre materiais didáticos para Ead

Muitos de nós, nos referindo aos nossos professores, comentamos à respeito de sua prática pedagógica, com a seguinte afirmação: aquele professor não tem didática, ele sabe muito, mas não consegue transmitir o conteúdo; ou então, aquele professor tem didática.



O que estamos querendo dizer?

Que a relação professor/aluno, ensino aprendizagem, está ou não satisfatória. Mas que didática é essa?


Didática é a arte de ensinar e como toda arte, requer sensibilidade, criatividade, reflexão, amor, conhecimento. Assim, para que a construção do conhecimento seja realizada com sucesso, temos o material didático, que contribui para a formação dos alunos e apoia os professores na relação teoria e prática pedagógica.


O início do uso dos materiais didáticos está bem distante dos dias atuais, sendo tão antigo quanto o próprio sistema de ensino. O primeiro manual com a finalidade de facilitar didaticamente a aprendizagem, foi o Orbis Pictus, livro didático infantil, utilizado com figuras, organizado por Jan Amos Komenský , mais conhecido como Comênio (considerado o pai da Didática) em 1658, conforme demonstrado abaixo.





Possuía 150 capítulos, divididos em temas como botânica, humanidades, religião, zoologia, etc. ilustrados em entalhes de mandeira, que encareceram muito o livro. Interessante ressaltar que o Orbis Pictus foi um precursor das técnicas áudio visuais.


Os materiais didáticos devem ser pensados, produzidos e disponibilizados, considerando-se a importância de se propiciar aos alunos um diálogo constante e facilitador, seja do aluno com seus colegas, dele próprio com o material e com o professor tutor ou qualquer outro membro do curso.


Essa dialogicidade deve promover também a orientação ao estudante no seu processo de construção do conhecimento, não somente por parte do professor, mas numa intensa interação com o grupo, redundando em motivação para a aprendizagem, criticidade sobre os conteúdos, ampliação e busca de novos conhecimentos, inclusive além do que foi proposto.


Tudo isso permeado por um processo de avaliação que seja claro tanto para o professor quanto para o aluno, num processo contínuo de acompanhamento (avaliação formativa), diferentemente de uma avaliação classificatória, que apenas verifica os resultados de aprendizagem.


Com todo esse caminho percorrido, de maneira responsável e ética, torna-se possível o pensar e repensar sobre recursos e materiais didáticos, numa proposta construtivista, contemporânea, onde o aluno seja o sujeito da ação pedagógica.


O uso das novas tecnologias só faz sentido, só tem significado se as mesmas forem produtivas e não reprodutivas, produção essa revelada na forma como os materiais e conteúdos, em suas diferentes linguagens, são apresentados aos alunos.


Elizabeth Rondelli (2007, p.1) salienta que o material didático é um meio importante de interação entre o professor e o aluno, pois é uma forma de orientar o aluno em um oceano de possibilidades.


Por isso, o material didático precisa ser de ótima qualidade, ter uma apresentação impecável, revelar a metodologia implícita no processo de elaboração, dar conta dos temas abordados de modo claro, trazer um roteiro rico em possibilidades de leituras, pesquisas e atividades, além de estimular o aluno a ter o prazer de voltar para ali; ou seja, seduzi-lo. Produzir material didático é uma tarefa complexa, que demanda uma equipe com excelente formação acadêmica e cultural.


Portanto, o material didático para EAD deve possuir algumas características: ser dialógico, promovendo uma contextualização do conteúdo; estimular a ação dos sujeitos e a construção de seus próprios significados; valorizar o conhecimento prévio dos alunos; incentivar a exploração; investigação; auto estudo; buscar a autonomia do sujeito; assegurar espaços de interação entre os participantes do curso por meio de ferramentas multimídia.


O projeto pedagógico dos cursos, dentre outros aspectos, deve orientar as escolhas quanto aos recursos didáticos necessários para o alcance dos objetivos educacionais propostos. Quanto mais diversificado o material, mais nos aproximamos das diferentes realidades dos educandos e possibilitamos diferentes formas de interagir com o conteúdo. (FLEMING, 2004, p. 23).


Para atender esses parâmetros, os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior à Distância (MEC, 2007) orienta que o material didático deve:


∙ com especial atenção, cobrir de forma sistemática e organizada o conteúdo preconizado pelas diretrizes pedagógicas, segundo documentação do MEC, para cada área do conhecimento, com atualização permanente;


∙ ser estruturados em linguagem dialógica, de modo a promover autonomia do estudante, desenvolvendo sua capacidade para aprender e controlar o próprio desenvolvimento;


∙ prever, como já adiantado antes em outro ponto deste documento, um módulo introdutório - obrigatório ou facultativo - que leve ao domínio de conhecimentos e habilidades básicos, referentes à tecnologia utilizada e também forneça para o estudante uma visão geral da metodologia em educação a distância a ser utilizada no curso, tendo em vista ajudar seu planejamento inicial de estudos e em favor da construção de sua autonomia;


∙ detalhar que competências cognitivas, habilidades e atitudes o estudante deverá alcançar ao fim de cada unidade, módulo, disciplina, oferecendo-lhe oportunidades sistemáticas de auto avaliação;


∙ dispor de esquemas alternativos para atendimento de estudantes com deficiência;


∙ Indicar bibliografia e sites complementares, de maneira a incentivar o aprofundamento e complementação da aprendizagem.


Para finalizar, deixo algumas perguntas para reflexão: como você avalia ou avaliava seus professores? Quais recursos/materiais didáticos, foram ou são mais significativos para você enquanto aluno e quais os motivos? Quais as características de um professor que, segundo sua avaliação, tem didática e outro que não tem? Se você já atuou no EAD, quais materiais didáticos/recursos, considera mais assertivos e quais critérios utiliza para escolhê-los? Como podemos perceber, Didática é mesmo a arte de ensinar, não é?











Profa. Ms. Márcia Moreira de Carvalho

Atuando como Consultora Educacional e Professora convidada em cursos de pós-graduação

Pedagoga e Mestre em Educação, pela Faculdade de Educação da USP




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