Talvez você já tenha ouvido falar sobre como a prática na área do design instrucional é totalmente diferente daquele curso que está na grade das instituições, não é? Que se tem muita teoria e pouca prática na maioria dos casos... pois é, isso é uma realidade em grande parte (senão em todos) os cursos da área de pós-graduação em Design Instrucional.
Mas daí sempre vem a pergunta: o que deveria ser mudado ou acrescentado nos cursos? Ou será que deveríamos praticar para só depois estudarmos? E mais: como um pós-graduado na área deveria encarar esse déficit e procurar se aperfeiçoar no dia a dia?
Teoria x prática
A formação em Design Instrucional é geralmente baseada pura e simplesmente em teorias, estratégias e conceitos pedagógicos, teorias sobre metodologias ativas, estratégias para a elaboração, montagem e implementação de cursos a distância etc, mas a prática, muitas vezes, é deixada de lado ou é pouquíssimo aplicada.
Será então que os cursos de formação de DI não precisariam pensar em um currículo mais próximo das exigências do mercado de trabalho?
Quando pesquisamos sobre as vagas que são oferecidas para atuar como DI, as exigências vão além do que é ofertado no curso. Seja em universidades ou em ambiente corporativo, as empresas exigem experiência e conhecimento em diversos softwares, em metodologias ativas, na criação de jogos diversos e, exigindo, inclusive, portfólio de materiais criados.
Claro que é importante sempre estarmos atualizados, pois o mercado está à espera de profissionais que correm atrás das necessidades de cada projeto, mas a academia não pode ficar grande parte da sua carga horária em teorias de aprendizagens, tipos de DI e suas características etc; deve formar um profissional que tenha condições de atuar no mercado com segurança e que tenha conhecimentos importantes para a área.
Prova disso é o que diz o próprio CEO da Ânima Educação, Marcelo Bueno, em uma matéria para o UOL: “A aproximação das instituições de ensino com as empresas é realidade no mundo inteiro, e aqui é algo muito novo. Precisamos da aproximação para discutirmos de que tipo de profissional o mercado precisa, para que ele possa ser inserido e não tenha que ser ‘retreinado’ para aprender a trabalhar.”
Enquanto isso não acontece, daremos aqui 10 pequenas dicas sobre como aplicar na prática algumas das teorias que aprendemos relacionadas ao Design Instrucional:
1 - Pesquise dentro da escola que você leciona quais os problemas que existem. Pense na temática de trabalho, separe seus alunos por grupos/problemas que devem resolver e os engaje a criar soluções para resolver esses problemas… isso é trabalhar na prática com PBL (Project Based Learning);
2 - Em uma apresentação em PowerPoint, cuidado para não inserir muitos assuntos em um único slide. Quebre os conteúdos de maneira que os temas fiquem bem organizados, pois dessa maneira, você estimula os alunos para novas aprendizagens, instigando a desejo de saber mais;
3 - Utilize o celular como um aliado: ao pedir um trabalho em grupo, para estimular a colaboração entre a equipe e o protagonismo, grave e envie aos alunos vídeos curtos dando pistas sobre o trabalho que eles devem fazer, peça que eles façam vídeos mostrando o que fizeram (como se estivessem passando de fase), recompense cada grupo e crie rankings - isso é gamificação;
4 - Lembra das avaliações formativa, somativa e diagnóstica? Se quiser trabalhar com esta última, uma sugestão é utilizar o Google Forms: lá você pode fazer pesquisas com seus alunos previamente a aula presencial; outro software que também pode ser usado é o Socrative;
5 - Crie atividades interativas ou jogos educacionais utilizando plataformas gratuitas. Ao criar esses joguinhos, você pode subir os arquivos para o LMS da sua escola e todos da turma poderão acessá-los, por exemplo. Uma dessas plataformas se chama H5P;
6 - Abra um espaço para que seus alunos possam participar não somente como aprendizes, mas se sentindo parte ativa do processo, questionando, sugerindo, discutindo. O aluno é a “ferramenta” mais importante, que lhe dará subsídios para reformulação, readequação do curso, enfim, quaisquer mudanças que sejam necessárias. Lembre-se: nenhum projeto pode ser “engessado”;
7 - Você conhece o perfil dos seus alunos? Essa resposta é muito importante também para mapear as aprendizagens desejadas e definir soluções, de acordo com as necessidades levantadas. Você pode utilizar aqui as três avaliações mencionadas no item 4 para montar esse perfil e elaborar melhor a sua aula;
8 - Escolha um assunto de sua preferência e elabore um mapa mental. Comece com um mais simples, depois estimule os seus alunos a fazer o mesmo, trabalhando com um único tema em que todos colaborem num grande mapa pra sala toda, por exemplo. Uma ferramenta bacana e fácil de mexer é o mindmeister;
9 - Imagens são ótimas aliadas para fixação de conteúdos. Você pode utilizá-las como suporte aos conteúdos apresentados; imagens que demonstrem, na prática, o que deverá ser conhecido e aprendido;
10 - Nunca deixe seus alunos sem feedback; uma única pergunta sem resposta pode ser o suficiente para o desinteresse e desistência do aluno.
Até a próximo artigo!
Adriana Maria Cláudio
Learning Experience Design | Desgn Interucional
Especialista em Língua Portuguesa | Licenciada em Letras
Márcia Moreira de Carvalho
Pedagoga | Mestre e Educação | Especialista em Gestão de EAD
Consultora Educacional e professora convidada em cursos de Pós-Graduação
Mírian Ferminiano Rodrigues
Professora do ensino superior/doutoranda em Ensino de Ciências e Matemática na Universidade Cruzeiro do Sul e concluindo pós-graduação em DI no Senac/SP.
Fonte: “Metade do ideal na educação: https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/uol-lideres-marcelo-bueno-anima-educacao/#universidade-deve-entender-do-que-o-mercado-precisa”
Fonte “mapa mental”: https://www.stoodi.com.br/blog/2018/02/08/como-fazer-um-mapa-mental/
Este artigo é um conteúdo colaborativo que faz parte do Projeto Multiplique, que visa fomentar, discutir e debater temas relacionados à nova educação.